Cunard Adventurer e Cunard Ambassador

     Dois navios pouco lembrados, mas que fizeram parte da nova era que primorosa Cunard Line estaria entrando em meados da década de 70.
Cunard Adventurer
 

Cunard Ambassador
Boa Leitura!

      Tudo começa em meados da década de 60, quando a então empresa Overseas Airways nacional, (tradicional companhia aérea do Reino Unido) decidiu entrar para o ramo marítimo. Uma série de oito unidades de navios idênticos foram especialmente concebidos pelo estaleiro Rotterdamsche Droogdok Maatschappij (RDM) para a Overseas,esses navios seriam entregues a partir de 1970, e o contrato foi firmado. No entanto no ano de 1970 a Overseas Airways cancelou os acordos de construção dos navios (mesmo que dois dos navios já estivessem com os cascos finalizados), por ver que enormes quantidades de dinheiro estavam sendo colocados nos navios, e tendo em vista que demoraria para gerar retorno nos lucros com as viagens de cruzeiros.
      Com dois dos navios quase prontos, e mais seis navios na prancheta, a construtora então voltou seus olhos para as tradicionais companhias marítimas britânicas já estabelecidas, Cunard Line e P&O Cruises. A P&O recusou a oferta, pois já havia gasto quantidades significativas de dinheiro com  a construção dos seus carros-chefes SS Oriana e SS Canberra no inicio da década de 60, e recentemente havia feito a compra do casco do MS Spirit of London (Ex-Seaward). Coube então levar a oferta dos navios para Cunard Line, essa já estava retirando seus navios mais velhos da frota (RMS Mauretania, Caronia, Queen Elizabeth e Queen Mary), e planejava a renovação da sua futura frota e entrada de vez no mercado de cruzeiros. A oferta chegou em um bom momento para a Cunard Line, que aceitou a oferta, porém sob o acordo de cancelar as seis encomendas restantes, e permanecer com os dois navios já construídos. Alguns meses após a compra, já em 1971 a Cunard Line anunciou o nome dos seus primeiros navios cruzeiros, os gêmeos Cunard Adventurer e Cunard Ambassador. Curiosamente os dois navios foram os primeiros, em 2 séculos de operação da Cunard, a não terminar seus nomes com "IA" ou iniciar com "Queen", portanto os dois navios que iniciaram a nova tendência, que não duraria até a nomeação do MS Caronia (3) em 1999.

Adventurer.


     Quando o MS Cunard Aventurer se mostrou pela primeira vez concluído e deslizando seu arrojado arco pelo oceano, ganhou fascínio de entusiastas e admiradores na época, que consideravam o navio muito bonito com uma concepção geral tão avançada e certamente incomum, mas que ao mesmo tempo remetia a exalava um estilo clássico de transatlânticos de uma geração passada. As linhas de construção certamente se destacaram a partir de qualquer outro navio do mundo.  O casco dos dois navios eram bem longos e elegantes, com proa de bulbo e popa tradicionalmente "Arredondada". Acima da ponte existia o "Sky Room", um salão com janelas enormes, que possuía vistas tanto para proa como para os dois lados do navio, que dava aos passageiros um bom lugar para relaxar, beber drinks e observar a imensidão do mar quando navegando. Atrás da sala de observação havia um grande terraço, coberto ao redor com grandes paredes de vidro, no terraço era possível admirar a grandiosa e incomum chaminé, essa era o o redesenho da chaminé do clássico Queen Elizabeth 2 de 1969, e que certamente completava com total elegância e harmonia os pequenos gemeos da Cunard.

A perspectiva artistica do projeto dos navios para a Cunard line.
      No ano de 1972, a Cunard podia se deleitar por dois setores servidos, o de serviço transatlântico com o novíssimo Queen Elizabeth 2, ligando a Inglaterra aos EUA, e o mercado de cruzeiro, com os o Cunard Adventurer e Ambassador, para o público que queria relaxar e curtir as férias.
     No entanto nem tudo são flores. Em 1974, o navio Cunard Ambassador quando estava em uma viagem de posicionamento, sem passageiros a bordo apenas tripulação, sofreu um acidente grave, um grande incêndio aconteceu a bordo do navio, causado por curto circuito na fiação elétrica do navio, o fogo se espalhou rapidamente destruindo cabines e áreas públicas. Não houve mortes, e todos os tripulantes foram evacuados com segurança. O fogo foi extinto com ajuda de um navio rebocador, e o Cunard ambassador ficou a deriva por alguns dias, até ser rebocado para Key West. Algumas semanas mais tarde, Inspetores e engenheiros contratados pela Cunard foram levados a bordo do navio para realizar inspeções. Foi declarada perda total pela Cunard Line, dias depois.

O navio durante o incêndio.

Cunard Ambassador, quando declarada perda total.
     Apesar de ter sido declarada per total, um investidor dinamarquês comprou o navio, ordenou que fossem realizadas reformas afim de deixar o navio navegável, mas dessa vez não para passageiros e sim para carga de animais. O navio permaneceu nessa mesma função durante todo o resto de sua existência, apenas mudando de nomes e de donos. Ela teve seu fim definitivo em 3 de Julho de 1983, quando foi desmantelada na India, sob o nome de Raslan.



     Por sua vez, o Cunard Adventurer gozou de uma carreira de sucesso como navio de cruzeiro. Após a perda do Ambassador, a Cunard estava operando apenas o Adventurer, e este sozinho não era capaz de suprir a demanda de cruzeiros exigida. Sendo assim, em 1975 a companhia encomenda dois novos navios de cruzeiros pelo estaleiro Burmeister & Wain, de Compenhagem. Os novos navios, seriam diferentes dos anteriores, esses seriam inteiramente planejados desde a prancheta, exclusivamente para a Cunard Line e ambos substituiriam o Cunard Ambassador, e consequentemente aumentariam a capacidade de passageiros da companhia. No ano de 1976 o primeiro navio da nova dupla, o Cunard Countess entra em serviço, sendo parceiro do Cunard Adventurer. O novo navio passa a ser muito mais popular entre a preferência dos passageiros, do que o já antigo e solitário Cunard Adventurer. Com a chegada do último navio do duo, o Cunard Princess em 1977,  que supre todas as necessidades da companhia, e se mostra muito mais popular pelos cruzeiristas do que o irmão anterior, a Cunard decide por retirar da frota o Cunard Adventurer, pondo o navio a venda no mesmo ano.

Cunard Adventurer no seu último ano na Cunard.
    O navio é comprado em 1977 pela Norwegian Cruises, que manda o navio para a doca seca, afim de revitalizar e tornar mais atraente para o novo mercado que está sendo destinado, o de operar cruzeiros a partir de Miami. Nas reformas, o interior é totalmente modificado, novas áreas públicas são adicionadas e a zona da piscina na popa do navio é refeita, entretanto a reforma mais significante em toda estrutura do navio, e que modificou totalmente seu design externo, foi a retirada da chaminé única que evindenciava o navio como um Cunard, e substituída por uma chaminé dupla, que viria a se tornar um ícone para esse navio, e que era uma marca da NCL na época. Surge assim no ano de 1978, após uma série de reformas, o novo MS Sunward II.

Sunward II em Miami, porto base da NCL.
      Em serviço da Norwegian Cruises, o Ex-Adventurer ganha uma popularidade muito maior do que a referida a ele em serviço da Cunard Line. Em 1991, após uma carreira prestigiosa de 14 anos na NCL, sem qualquer incidente e com navios maiores e mais modernos chegando ao mercado mais precisamente à serviço da companhia, e com sinais da idade no navio sendo aparentes, é decidido retirar o navio da frota. A Norwegian Cruises, põe o navio a venda em 1991. No mesmo ano, o navio é comprado pela grega Epirotiki Line, que operava navios de segunda mão em cruzeiros pelo mediterraneo. O navio é renomeado MS Triton, e parte de Miami rumo a Grécia.

MS Triton, nas cores da Grega Epirotiki Line.
    Na Europa, o navio é enviado para um estaleiro na Espanha, antes de seguir para Grécia. No estaleiro o navio é posto em doca seca para ganhar a pintura da sua nova companhia, bem como ser redecorado para agradar os novos públicos. Na Epirotiki, o Triton operava cruzeiros de sete dias pelo mar Egeu. Em 1995, é criada entre a Epirotiki Line e a Greek Sun Line uma nova companhia, a Royal Olympic Cruises, o Triton é transferido para essa nova companhia e ganha uma nova identidade visual, muito mais chamativa.

Triton, nas cores da Royal Olympic Cruises
     Em 1998, a Royal Olympic Cruises encomendou dois novos navios de cruzeiros, ambos substituiriam a frota antiga companhia. Porém apesar de os navios da Royal Olympic Cruises serem antigos, eles eram muito confiáveis e estavam de acordo com as regras de navegabilidade do SOLAS daqueles anos. A Royal Olympic recebeu o primeiro navio das suas encomendas em 2000, o Olympic Voyager, o segundo navio seria entregue no ano seguinte sob o nome de Olympic Explorer. Em 2003, o comitê Olimpico internacional, forçou a Royal Olympic mudar seu nome para Royal Olympia, o mesmo com os seus dois novos navios que foram renomeados Olympia Voyager e Explorer, por sua vez o MS Triton, manteve seu nome. Em 2004, após anos de má admistração, a companhia Royal Olympia entra em colapso, seus navios são retidos. Os dois navios mais novos são vendidos, os navios mais antigos e com manutensão prejudicadas são desmantelados, os outros em condições navegáveis são postos a leilão, esse foi o caso do Triton. O Ex-Cunard Adventurer ganha uma sobrevida após ser arrematado pela Louis Cruises line.
Coral, Louis Cruises.
     Ao ser adquirido pela Louis Cruises, Triton é ronomeado MS Coral, e mais uma vez é enviado para a doca seca, porém para trabalho mais extensos. Dentre os trabalhos: houve uma renovação completa nos interiores, criação de novas salas públicas, revisão completa do casco, alongamento do deck superior, e acréscimo de um deck "mesanino" na popa sob a piscina. Quando concluídas as reformas, o Coral foi posto em serviço pelo mediterrâneo. Por ser um navio clássico, ele se mostrou extremamente popular, sobretudo entre o público da terceira idade. Não só isso, o navio foi famoso pela excelente comida preparada nos restaurantes, pelo excelente serviço prestado pelos tripulantes, pelo divertido entretenimento oferecido a bordo e interiores requintados. No entanto em 2011, as procuras pelo navio começaram a diminuir frequentemente, até que Louis Cruises tomou a decisão de retirar o navio da frota. 
MS Coral, na últimas cores usadas por ele na Louis Cruises.
     Inativo até 2014, a Louis planejava trazer o navio novamente para serviço, dessa vez sob o nome de Louis Rhea, porém toda iniciativa de retomar o serviço do navio foi cancelada. E em 2015, após 44 anos de serviço, o navio foi renomeado pela última vez, agora utilizando um nome redutivo do último usado, MS Cora, o ilustre navio foi rebocado até a India para ser encalhado em Alang, local que foi realizado seu desmantelamento.






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