Costa teria tentado encobrir choque do Fortuna em 2005; Companhia oferece indenização a passageiros.
Magistrados italianos investigarão alegações de que a Costa Cruzeiros, proprietária do Concordia que encalhou e submergiu parcialmente na Itália há 11 dias, tentou encobrir um incidente semelhante em 2005, quando outro de seus navios, o Fortuna supostamente atingiu rochas perto de Sorrento.
Roberto Cappello, que estava trabalhando como fotógrafo oficial da empresa na época, disse que o Fortuna bateu em pedras durante uma aproximação à costa perto do porto de Sorrento em maio de 2005. Ele disse que as fotografias que ele tomou mostrando os danos à embarcação e cabines danificadas foram apreendidos por funcionários da empresa. Suas alegações vão esta semana ser analisadas por magistrados que estão investigando o acidente com o Concordia, em que possivelmente 32 pessoas morreram.
A Costa Crociere vêm insistindo que navegações próximas da Costa, como a que terminou em tragédia na Ilha de Giglio em 13 de Janeiro nunca foram aprovadas pela empresa. Mas o capitão do Concordia, Francesco Schettino, que é acusado de abandonar o navio antes de seus passageiros e pode ser indiciado por homicídio culposo, disse ao juiza, Valeria Montesarchio, durante as investigações preliminares que a Costa incentivou as aproximações que seriam agradáveis aos passageiros "em Sorrento, Capri e em todos os lugares" para "criar publicidade".
O incidente de 2005 que acredita-se ocorreu no Costa Fortuna, que havia deixado Savona e seguido para Palermo, em 24 de abril daquele ano. "O incidente aconteceu na sexta-feira primeiro de maio", disse Cappello. "Foi no início da noite, cerca de 19:00h eu estava na minha cabine. Estávamos perto, muito perto da costa -Cerca de 200 metros- Quando batemos, houve um grande estrondo, e no começo eu não sabia que o navio tinha batido nas rochas. A primeira coisa que reparamos foi que o navio estava inclinando da esquerda para a direita. Em todo o lugar no navio que eu vi os pratos tinham caído das mesas. As pessoas estavam, obviamente, cientes de que algo tinha acontecido e eles estavam assustados, mas não houve uma explicação oficial"
Ele disse que o navio parecia zig-zaguear na água "como uma cobra", mas continuou em um ritmo mais lento e aportou em Palermo. "Depois nos contaram que o navio tinha batido numa baleia. Realmente, você teria rido se a coisa toda não fosse tão grave e assustadora", disse ele. Sr. Cappello disse que ele desceu para a quilha, onde viu e fotografou um corte no navio "a profundidade do braço e dezenas de metros de comprimento". Ele também viu que uma pá da hélice, do lado esquerdo estava quebrada.
"Mas quando desembarcamos, funcionários da Costa me fizeram entregar os arquivos em minha câmera. Eu me senti ameaçado. Eles me disseram que eu estava sob contrato com eles, eu era obrigado a entregar todas as imagens na câmera ou haveriam problemas", disse ele, acrescentando: "Eu acredito que a empresa sabia sobre estas saudações e até mesmo as encorajou Mas foram necessárias a morte de muitas pessoas para que isso pudesse realmente vir a tona "
Indenizações
A companhia Costa Crociere pagará US$ 18,4 mil a cada passageiro, incluindo crianças, que viajavam no Costa Concordia, o cruzeiro que naufragou no dia 13 de janeiro na ilha italiana de Giglio.
O pagamento será de US$ 14,4 mil de ressarcimento e mais outros US$ 4 mil para cobrir as despesas. Este é o acordo feito pela empresa italiana e o Comitê de Náufragos do Costa Concordia, formado, entre outros, por várias associações italianas de consumidores, segundo um comunicado conjunto. Já nos casos das pessoas que sofreram danos físicos e as famílias das vítimas serão feitas negociações individuais, indicou a nota.
A indenização será de US$ 14,4 mil por pessoa para "cobrir todos os danos patrimoniais e não patrimoniais, incluindo os relacionados à perda da bagagem, além dos danos psicológicos sofridos pelos passageiros".
As associações de consumidores calcularam que serão reembolsados ainda outros US$ 4 mil conforme cada passageiro pagou pela viagem, "relativos ao valor do cruzeiro, ao transporte de avião ou ônibus incluído no custo total das férias, além da viagem de volta para casa, das despesas médicas e qualquer outro tipo de gasto realizado durante o cruzeiro".
A companhia garantiu que serão devolvidos todos os bens que puderem ser recuperados, além dos que foram depositados pelos passageiros nas caixas-fortes do navio.
A Costa Cruzeiros se comprometeu também a começar um "específico programa de assistência psicológica a todos os passageiros que o solicitarem", além de dar a oportunidade a seus clientes de cancelar sem penalidade alguma e antes de 7 de fevereiro os cruzeiros que haviam reservado antes do acidente.
"É um acordo histórico, que põe um ponto final em um episódio dramático. Uma verdadeira ação legal coletiva resolvida fora dos tribunais e que dá um ressarcimento pelo estresse sofrido e pelas férias interrompidas", explicou em uma nota o presidente da Associação para a Defesa e a Orientação dos Consumidores (ADOC), Carlo Pileri.
Pileri afirmou que além do código de turismo italiano, também levou em conta outras normas internacionais, já que no cruzeiro naufragado havia passageiros de várias nacionalidades.
A empresa divulgará esse acordo em vários idiomas para que todos os passageiros possam aderir, acrescentou a nota, e se comprometeu a finalizar o ressarcimento uma semana após o passageiro aceitar essa oferta, além de lembrar que, por exemplo, um casal com duas crianças receberá US$ 65,8 mil, US$ 57,9 mil de indenização pelo acidente e cerca de US$ 7,8 mil pela viagem.
A Costa Cruzeiros emitiu um comunicado no qual desmentiu algumas informações segundo as quais teria oferecido desconto para viajar em novos cruzeiros aos passageiros envolvidos no naufrágio do Costa Concordia.
Já a Associação de Consumidores italiana Codacons aconselhou os passageiros a não aceitarem essa oferta, a qual considerou uma "esmola". A Codacons anunciou em seu site que iniciará em Miami, com a colaboração de dois escritórios de advocacia americanos, uma ação judicial coletiva para pedir à Costa Cruzeiros uma indenização de US$ 164,5 mil para cada passageiro.
"Esse acidente teve uma gravidade enorme e todos os que estavam a bordo do navio têm o direito, não só a serem ressarcidos pelos danos materiais ou físicos, mas também pelos morais", explicou o presidente da Codacons, Carlo Rienzi.
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